sábado, 6 de março de 2010

BOICOTE A COPA DO MUNDO (DA DOR)

VÍDEO ILUSTRATIVO DOS RITUAIS DE SACRIFÍCIO

Uma jornalista de Pretória na África do Sul, responsável pelo blog The Word Wright, iniciou uma campanha para evitar que se façam sacrifícios de animais não-humanos na Copa da África do Sul. Líderes tradicionais sul africanos tem sugerido a execução de sacrifícios animais nos estádios onde os jogos vão acontecer em junho de 2010 para ‘abençoar’ os jogos, como foi noticiado pela Reuters em outubro.

O plano é executar vacas de maneira barbárica, como todo assassinato inevitavelmente é. Como sempre, usa-se a desculpa da tradição para justificar a psicose de algumas pessoas que enxergam no derramamento de sangue uma forma de catarse. Ou uma forma de espetáculo macabro vendido como ‘folclore’ e autenticidade para estrangeiros facilmente impressionados por clichês ‘exóticos’.

Uma petição lançada na rede Care2 já atraiu milhares de assinaturas. O objetivo é atingir 10 mil assinaturas antes de entregar a petição para o comitê da Fifa pedindo que ela rejeite a sugestão de sacrifícios. Além disso, é importante se contactar os patrocinadores do evento para condenar o sacrifício de animais e lembrá-los que, se isso acontecer, eles estarão efetivamente patrocinando esse derramamento de sangue. Uma outra estratégia é contactar a Embaixada da África do Sul no Brasil para condenar esse barbarismo.


Patrocinadores da copa:
• Budweiser
• Continental
• MTN
• McDonalds
• Satyam
• Castrol

Parceiros da FIFA:
• Adidas
• Coca Cola
• Sony
• Hyandai
• Visa
• Emirates

Parceiros da FIFA na África do Sul:
• BP
• Neoafrica
• Telkom
• FNB
• Prasa



Para se ter uma idéia de como esses sacrifícios são feitos, Animal Alerts publicou um video que sugere como esses rituais provavelmente são executados. O vídeo contém imagens gráficas de crueldade e pode ser visto aqui.

CRÉDITOS: Lobo Pasolini

domingo, 21 de fevereiro de 2010

DOSSIÊ SOJA: MITOS E VERDADES DO GRÃO DO SÉCULO






Para muitos vegetarianos a soja é um dos alimentos mais presentes na dieta como fonte de proteínas. Existem milhares de produtos derivados da soja no mercado, em nossa década é possível ir na maioria das redes de supermercados e encontrar leite de soja longa vida ou em pó, soja em grãos, em farinha, em proteína texturizada de diversos tamanhos e formas, produtos processados industrialmente como hamburgueres vegetais, salsichas, bifes e outros. Este artigo tem como objetivo fazer um dossiê sobre a soja, contando fatos nutricionais, físicos, sociais e ambientais deste grão tão presente na dieta vegetariana.


I – O QUE É A SOJA?


Há 5.000 mil anos a soja é utilizada na china como uma forma de introduzir nitrogênio no solo, como parte do sistema de rotação de culturas. O vocábulo “soja” é derivado do inglês “soy”, que por sua vez tem origem no japonês “shoyu”, embora seja uma planta originariamente chinesa.

A nossa planta tem variada taxa de crescimento: algumas variedades não chegam a 20cm enquanto outras atingem 2m. As vagens, caules e folhas são cobertos por uma penugem marrom. As folhas caem antes da maturação das sementes, suas flores são brancas ou roxas e pequeninas.

Foi A. Carl Leopold quem descobriu, em meados de 1980, a altíssima quantidade de proteína nos grãos resistente a desidratação e re-hidratação.

Um grão de soja seco possui 60% de óleo e proteína, e somente a alta resistência das proteínas permite que alimentos a base de soja processados a altas temperaturas sejam viáveis, como o tofu, o farelo de soja e o leite de soja.

Os carboidratos solúveis da soja são a sacarose e a galactose, os insolúveis são basicamente celulose, hemicelulose e pectina.

Nosso grão é considerado pelos nutricionistas como uma fonte de proteína completa, isto é, que possui todos os aminoácidos que os seres humanos necessitam.

Seu cultivo é apropriado a regiões de verões quentes, e embora crescam em vários tipos de solos, os solos úmidos aluviais com boa quantidade de matéria orgânica.



II – A HISTÓRIA DA SOJA


henry ford

Proclamada pelo imperador chinês Shennong (2853 a.C.)como uma das quatro plantas sagradas, a soja tem sido utilizada há mais de 5.000 anos como alimento e componente em drogas, embora como já citado, a soja era mais cultivada como processo de rotação de culturas. No início restrita a China, e posteriormente a Ásia, o grão se espalhou pelo mundo.

Introduzida no continente Europeu por volta de 1700, chegou aos Estados Unidos da América em 1765, sendo considerada inicialmente como um produto industrial, não foi consumida como alimento antes da década de 20.

Os primeiros grãos de soja “aqueológicos” foram encontrados na coréia, e estudos apontam para seu uso em alimentação naquele país por volta de 1000-900 a.C..

Devido ao estabelecimento de rotas comerciais por volta do ano I d.C., o grão foi introduzido em países como Índia, Japão, Filipinas, Indonésia, Filipinas, Vietnã, Tailândia, Myanmar, Taiwan e Nepal.

Nos EUA, após a I Guerra Mundial, a soja foi utilizada em áreas danificadas pelo Dust Bowl, como forma de recuperação do solo baseada na sua capacidade de fixação de nitrogênio. Após isso, a área cultivada da soja foi crescendo seguindo as determinações governamentais. Fato curioso é que o patriarca dos automóveis, Mr. Henry Ford foi um grande investidor nas cadeias produtivas da soja. Seria divertido ver a cara de Ford se ele pudesse acordar hoje e ver o sucesso dos biocombustíveis, já que ele investiu U$1.250.000 na pesquisa do grão, e toda a linha de produção de automóveis da Ford contou com a contribuição do grão que era utilizado desde componente para a tinta que cobria os automóveis como fluído de amortecedores. O magnata dos automóveis chegou a desenvolver uma espécie de “plástico vegetal” a base de soja. No auge das pesquisas e dos investimentos feitos por ele, cada automóvel Ford chegou a utilizar dois alqueires do grão.

Na corrida pela produção de uma “seda artificial”, Ford contratou os químicos Boyer e Calvert para produzirem tal seda. Ambos conseguiram produzir uma fibra têxtil nomeada AZLON à base da proteína da soja. Atingindo a marca de £1.500 por dia com sua produção piloto, a fibra jamais ganhou o mercado, o tão trivial NYLON foi o vencedor da corrida pela produção da seda artificial. Contudo, a pesquisa serviu pelo menos para o próprio Ford usar um terno todo feito em AZLON.

Já no Brasil a soja veio via EUA no ano de 1882 através das pesquisas do Prof. Gustavo Dutra então acadêmico da Escola de Agronomia da Bahia que estudava os primeiros cultivos introduzidos daquele país. Na cidade de Campinas/SP em 1881 o mesmo Dutra, através do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) conduziu estudos introdutórios ao cultivo do grão. Seguindo os moldes estadounidenses, a soja por aqui era mais vista como produto forrageiro e utilizado na alimentação de animais do que para alimentação e produtos industrais para utilização humana.

Nos anos de 1900 e 1901 o IAC distribuiu pela primeira vez sementes de soja para agricultores paulistas, e sabe-se lá como nesta mesma época se teve notícia do primeiro cultivo de soja lá para os lados do Rio Grande do Sul, onde as condições climáticas (semelhantes ao do Sul dos EUA) são apreciadas pela espécie.

Na década de 50, uma medida governamental chamada de Programa Oficial de Incentivo a Triticultura Nacional a cultura da soja foi incentivada por ser uma cultura alternativa ao trigo cultivado no inverno, nos meses de verão, assim como contribuíram os aspectos técnicos (leguminosa sucedendo gramínea) e econômico (excelente aproveitamento da terra, das máquinas e implementos, da mão de obra e da infra-estrutura).

O “primeiro cultivo” de soja no Brasil marcado nos anais da história diz que foi no ano de 1914, na cidade de Santa Rosa/RS, porém, apenas a partir da década de 40 que começa a nascer os germes de uma influência econômica. Foi em 1941 que se instalou a primeira indústria processadora de soja no país, também em Santa Rosa/RS. Oito anos mais tarde o Brasil ineditamente figura nas estatísticas internacionais com uma produção de 25.000t.

Em nosso país foi o trigo o melhor amigo da recém chegada soja. Na tumultuada década de 60, a soja figura como estrela coadjuvante por sua atuação através da Política de Subsídios ao Trigo, que visava a auto-suficiência, na dobradinha trigo/inverno – soja/verão. O palco da multiplicação dos grãos foi a região Sul, em que todos assistiram estupefatos o crescimento de cinco vezes a produção entre 1960 e 1969.

Nas décadas de 80 e 90, como uma febre tropical, a soja explodiu pelo território nacional. A região Centro-Oeste em 1970 respondia apenas por 2% da produção do grão, em 2003, o percentual subiu para a marca de 60% da produção nacional. O estado de Mato Grosso, antes apenas uma sombra nesta cultura, passou a ser um líder e vem se consolidando até a atualidade nesta posição.

Os fatores que culminaram na expansão da soja no Brasil são os mais diversos possíveis, abaixo temos uma tabela retirada da pagina da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) que mostra os diversos fatores responsáveis:


  • semelhança do ecossistema do sul do Brasil com aquele predominante no sul dos EUA, favorecendo o êxito na transferência e adoção de variedades e outras tecnologias de produção;

  • estabelecimento da “Operação Tatu” no RS, em meados dos anos 60, cujo programa promoveu a calagem e a correção da fertilidade dos solos, favorecendo o cultivo da soja naquele estado, então o grande produtor nacional da oleaginosa;

  • incentivos fiscais disponibilizados aos produtores de trigo nos anos 50, 60 e 70 beneficiaram igualmente a cultura da soja, que utiliza, no verão, a mesma área, mão de obra e maquinaria do trigo cultivado no inverno;

  • mercado internacional em alta, principalmente em meados dos anos 70, em resposta à frustração da safra de grãos na Rússia e China, assim como da pesca da anchova no Peru, cuja farinha era amplamente utilizada como componente proteico na fabricação de rações para animais, para o que os fabricantes do produto passaram a utilizar-se do farelo de soja;

  • substituição das gorduras animais (banha e manteiga) por óleos vegetais, mais saudáveis ao consumo humano;

  • estabelecimento de um importante parque industrial de processamento de soja, de máquinas e de insumos agrícolas, em contrapartida aos incentivos fiscais do governo, disponibilizados tanto para o incremento da produção, quanto para o estabelecimento de agro-indústrias;

  • facilidades de mecanização total da cultura;

  • surgimento de um sistema cooperativista dinâmico e eficiente, que apoiou fortemente a produção, a industrialização e a comercialização das safras;

  • estabelecimento de uma bem articulada rede de pesquisa de soja envolvendo os poderes públicos federal e estadual, apoiada financeiramente pela indústria privada (Swift, Anderson Clayton, Samrig, etc.); e

  • melhorias nos sistemas viário, portuário e de comunicações, facilitando e agilizando o transporte e as exportações.

  • construção de Brasília na região, determinando uma série de melhorias na infra-estrutura regional, principalmente vias de acesso, comunicações e urbanização;

  • incentivos fiscais disponibilizados para a abertura de novas áreas de produção agrícola, assim como para a aquisição de máquinas e construção de silos e armazéns;

  • estabelecimento de agro-indústrias na região, estimuladas pelos mesmos incentivos fiscais disponibilizados para a ampliação da fronteira agrícola;

  • baixo valor da terra na região, comparado ao da Região Sul, nas décadas de 1960/70/80;

  • desenvolvimento de um bem sucedido pacote tecnológico para a produção de soja na região, com destaque para as novas cultivares adaptadas à condição de baixa latitude da região;

  • topografia altamente favorável à mecanização, favorecendo o uso de máquinas e equipamentos de grande porte, o que propicia economia de mão de obra e maior rendimento nas operações de preparo do solo, tratos culturais e colheita;

  • boas condições físicas dos solos da região, facilitando as operaçõesda maquinaria agrícola e compensando, parcialmente, as desfavoráveis características químicas desses solos;

  • melhorias no sistema de transporte da produção regional, com o estabelecimento de corredores de exportação, utilizando articuladamente rodovias, ferrovias e hidrovias;

  • bom nível econômico e tecnológico dos produtores de soja da região, oriundos, em sua maioria, da Região Sul, onde cultivavam soja com sucesso previamente à sua fixação na região tropical; e

  • regime pluviométrico da região altamente favorável aos cultivos de verão, em contraste com os frequentes veranicos ocorrentes na Região Sul, destacadamente no RS.


III – FATOS NUTRICIONAIS


Como já havíamos apontado anteriormente, a soja supre se não todas, grandes partes da necessidade de proteína de um ser humano, contudo, não é a única alternativa. Outras fontes de proteína vegetal são: sementes de girassol e gergelim, cogumelos, polem de flores, os “nuts” como castanha, nozes, avelã, pinhão, aveia integral, levedura de cerveja dentre outros. Apesar de a soja ser a mais completa fonte de proteínas do que todos as outras, é possível ter uma dieta vegana sem a soja. Por exemplo, o arroz integral consumido juntamente com as leguminosas (como a lentilha) formam os doze aminoácidos necessários a biologia humana. Existem também frutas como o abacate e o coco que fornecem proteínas.

O site alimentacaosemcarne.com.br em um artigo assinado pelo Dr. Erick Slywitch expõe uma lista de oito mitos sobre proteínas vegetais, a qual disponibilizaremos abaixo:


1) A proteínas vegetais são incompletas (carentes em aminoácidos)



A verdade: alguns alimentos podem apresentar teores baixos de um ou mais aminoácidos específicos. A combinação de alimentos de grupos diferentes fornece todos os aminoácidos em ótimas quantidades;


2) As proteínas provenientes de fontes vegetais não são “tão boas” quanto as provenientes de fontes animais


A verdade: a qualidade depende da fonte da proteína vegetal ou da sua combinação. As proteínas vegetais podem ser iguais ou melhores do que as proteínas animais.


3) As proteínas de diferentes alimentos vegetais devem ser consumidas juntas na mesma refeição para atingir um alto valor nutricional.


A verdade: os aminoácidos não precisam ser consumidos todos na mesma refeição. A maior importância está em consumi-los ao longo do dia.


4) Os métodos baseados em animais para determinar os valores de necessidade nutricionais de proteína são adequados para humanos.


A verdade: esses métodos costumam subestimar a qualidade nutricional das proteínas, já que as necessidades de proteínas e a velocidade de utilização delas é muito diferente entre os animais e os seres humanos.


5) As proteínas vegetais não são bem digeridas


A verdade: a digestibilidade pode variar de acordo com a fonte e o preparo da proteína vegetal. A digestibilidade da proteína vegetal pode ser tão alta quanto a animal para alguns alimentos.


6) A proteína vegetal não é suficiente, sem a carne, ovo ou os derivados do leite, para oferecer as necessidades humanas de aminoácidos.


A verdade: a ingestão dos aminoácidos essenciais pode ser tranqüilamente atingida utilizando-se apenas as proteínas vegetais ou uma combinação delas com as animais (ovos, leite e queijo).


7) As proteínas vegetais contêm os seus aminoácidos desbalanceados e isso limita o seu valor nutricional.


A verdade: não há nenhuma evidência de que esse balanço seja importante. O que importa é que todos os aminoácidos atinjam o seu valor de ingestão recomendado ao longo do dia. Pode ocorrer desbalanço por uma suplementação inadequada de aminoácidos, mas isso não costuma ser um problema prático comum.


8) Existem aminoácidos na carne que não podem ser encontrados em nenhum alimento do reino vegetal.


A verdade: todos os aminoácidos essenciais são encontrados em abundância no reino vegetal.

Agora apresentamos uma outra tabela, desta vez numérica, com os teores do grão da soja crus, segundo a United States Department of Agriculture (USDA):



Valor nutricional por 100 g (3,5 oz)

Energia

1.866 kJ (446)

Carboidratos

30,16 g

Açúcares

7,33 g

A fibra dietética

9,3 g

Gordo

19,94 g

saturado

2,884 g

monoinsaturados

4,404 g

polinsaturados

11,255 g

Proteína

36,49 g

Triptofano

0,591 g

Treonina

1,766 g

Isoleucina

1,971 g

Leucina

3,309 g

Lisina

2,706 g

Metionina

0,547 g

Cistina

0,655 g

Fenilalanina

2,122 g

Tirosina

1,539 g

Valina

2,029 g

Arginina

3,153 g

Histidina

1,097 g

Alanina

1,915 g

O ácido aspártico

5,112 g

Ácido glutâmico

7,874 g

Glycine

1,880 g

Proline

2,379 g

Serina

2,357 g

Água

8,54 g

Vitamina A equiv.

1 mg (0%)

Vitamina B6

0,377 mg (29%)

Vitamina B12

0 mg (0%)

Vitamina C

6,0 mg (10%)

Vitamina K

47 mg (45%)

Cálcio

277 mg (28%)


Ferro

15,70 mg% (126)

Magnésio

280 mg (76%)

Fósforo

704 mg% (101)

Potássio

1797 mg (38%)

Sódio

2 mg (0%)

Zinco

4,89 mg (49%)


IV – OS IMPACTOS SOCIAIS DA SOJA



O Brasil é o segundo maior país produtor de soja do mundo. Só nós, os EUA, Argentina e China somos responsáveis por 80% da produção mundial, enquanto com exceção da China que consome sua produção no mercado interno, somos responsáveis por 90% da comercialização mundial de oleaginosas, cabendo ao Brasil o papel de segundo lugar no rol de exportação.

Sem passar pela cabeça dos consumidores internacionais, o cultivo da soja causa impactos nem sempre benéficos e que representam a face nefasta do progresso. O modo como foram implantadas as culturas comerciais no Brasil privilegiaram a estrutura fundiária tradicional, aumentando o tamanho das propriedades, concentrando a terra e excluindo a produção familiar do processo.

O sistema patronal e latifundiário causou a supressão das culturas de subsistência, cujas famílias produtoras se tornaram assalariadas, ou no latifúndio, ou na indústria urbana por meio do fenômeno chamado êxodo rural.

Quando o “progresso sojiculturista” chegou ao Rio Grande do Sul, cerca de 300 mil propriedades na década de 70 desapareceram abrindo caminhos para a voraz fome dos investidores abastados por grandes propriedades.

No Paraná, a sojicultura foi responsável pela expulsão de pequenos agricultores para novas áreas de fronteiras, cujo poucos atingiram sucesso nestas novas áreas.

A migração ocasionada pelas mudanças pró-latifúndio e pelo descaso e ausência do governo em prol dos pequenos agricultores levou a uma desorganizada urbanização cuja miséria e os chamados sub-empregos foram o tempero em cidades do Norte e Centro-Oeste.

Quando a soja foi introduzida na Amazônia Legal, o samba continua na mesma toada: as comunidades nativas e indígenas foram excluídas do processo.


V – OS IMPACTOS AMBIENTAIS DA SOJA


A soja, como sistema monocultural, foi viabilizada graças a um pacote tecnológico dos “avanços” do setor industrial agrícola, das pesquisas químicas, mecânicas e genéticas.

Chamado de “Revolução Verde”, tal pacote foi responsável por aumentar a produção de alimentos acima da taxa de crescimento populacional mundial. Apontada como a solução para a fome do mundo, a Revolução Verde não completou seu objetivo mais otimista. Tal revolução aumentou a produção de alimentos, mais a um alto custo econômico, que resultou na desigual distribuição de alimentos pelo mundo, obviamente que não por problemas logísticos, mas por entraves políticos e econômicos.

Fora tudo isso, no que diz respeito ao cerrado, a sojicultura foi responsável pela compactação e impermeabilização do solo pelo uso intensivo de máquinas agrícolas, erosão, contaminação de mananciais e lençóis freáticos (consequentemente plantas e animais) por pesticidas e químicos agrícolas, impactos detrimentais advindos da retirada da vegetação nativa de áreas continuas extensas, assoreamento de rios e reservatórios, aparecimento de novas pragas e incremento das já conhecidas, e por fim risco à sobrevivência de espécies vegetais e animais com a perda de habitat devido a expansão agrícola.

Estima-se que 10kg de solo sejam perdidos por quilo de soja produzido. Outro problema mais cruel é que o sistema de irrigação das plantações baseados em “pivôs centrais” provoca grande desperdício de água dos lençóis freáticos causando problemas de falta d'água inclusive para consumo humano.

As três principais bacias hidrográficas brasileiras: Amazônica, Platina, e São Francisco) possuem suas nascentes no cerrado, e todo o impacto ambiental nesta região advindo da sojicultura pode causar o assoreamento e contaminação dessas bacias causando um prejuízo ambiental incalculável, sem contar no prejuízo social das comunidades que dependem das águas destas bacias, como a tribo indígena Krahô, como mostrado no documentário “A Visão do Xamã” de Ricardo Paranaguá, exibido no programa A´Uwe deste domindo (21/02/2009).

VI – CONCLUSÃO

Com as informações pesquisadas, coletadas, e fornecidas a você aqui, espero que o artigo tenha respondido as principais dúvidas e curiosidades sobre a soja. O Dossiê Soja está completo. Reflita.

Devemos nós os veganos abrir mão da soja industrial e procurar apenas outras fontes de proteína? Mesmo que não nos preocupemos com questões políticas e humanas, animais estão perdendo seus habitats, os rios em que bebem, as árvores em que moram, etc.

A soja que se figurou e se figura para muito veganos como uma fonte proteica segura, não resiste a um exame mais detalhado sobre seus impactos sociais, econômicos e ecológicos.

O fato é que para mim, autor deste artigo, ficou a impressão de que a produção da soja é tão criminosa quanto a produção de carne e derivados de animais, e que não ajudamos a nenhum dos animais que queremos libertar se consumirmos esta soja. E você leitor? O que pensa? Comente!


FONTES:

http://www.cnpso.embrapa.br/producaosoja/SojanoBrasil.htm

http://www.alimentacaosemcarne.com.br/proteina/dietas-vegetarianas-e-proteinas.html

http://www.saudeintegral.com/artigos/onde-encontrar-a-proteina-vegetal.html

http://en.wikipedia.org/wiki/Soybean

http://www.nal.usda.gov/

http://www.anppas.org.br/encontro_anual/encontro2/GT/GT05/clarissa_barreto.pdf

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

ICMBio realiza o mais completo mapeamento genético do peixe-boi marinho no Brasil


O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) realiza, com o apoio de um órgão similar do governo norte-americano, o mais completo mapeamento genético do peixe-boi marinho (Trichechus manatus) no Brasil.

Peixe-boi marinho - Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape


Denominado “Avaliação da diversidade genética populacional e estratégias conservacionistas para o peixe-boi marinho no Brasil”, o estudo é executado pelo Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA), em parceria com o Laboratório de Análises Genéticas do Sirenian Project, da United States Geological Survey (órgão que cuida da biodiversidade nos EUA), em Gainesville, na Flórida.

A pesquisa, que conta ainda com o apoio da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade da Flórida, se junta a um projeto maior que visa traçar o mapa genômico do peixe-boi marinho no mundo. Iniciativas idênticas já foram levados a cabo nos EUA, México, Belize e Guianas – países que, junto com o Brasil, registram a ocorrência desse animal, um dos mais ameaçados do planeta. No litoral brasileiro, há apenas 500.

LINHAGEM – O mapeamento genético permitirá ações de manejo capazes de, em alguns anos, fazer surgir no Brasil uma linhagem de peixes-bois marinhos geneticamente melhorados, mais resistentes a doenças, intempéries, poluição, intoxicações e, principalmente, aos efeitos das mudanças climáticas – uma ameça que paira sobre a biodiversidade do planeta.

O mapeamento proporciona o levantamento de dados que só a análise genética pode oferecer, como a existência de sub-populações de peixe-boi marinho e a ocorrência de híbridos (filhotes de espécies distintas) entre peixe-boi marinho e amazônico. Pelo menos um híbrido, já foi identificado pelos pesquisadores brasileiros.

De posse desses dados, o CMA vai definir estratégias de conservação do peixe-boi marinho no Brasil. Entre elas, uma melhor distribuição geográfica da variabilidade genética em toda a área de ocorrência do animal, que vai do litoral do Amapá ao de Alagoas, e o estabelecimento de normas e procedimentos para reintrodução dos peixes-bois reabilitados a fim de que haja um melhoramento genético da espécie.

“Ao constatar, por exemplo, que em determinado local há uma subpopulação de peixes-bois marinhos com baixa variabilidade genética, poderemos fazer reintroduções de animais com perfil genético diferente, aumentando a variabilidade e diminuindo a probabilidade de endocruzamento (cruzamento entre animais parentes), o que pode ocasionar perdas genéticas e comprometer a vida e a saúde dos animais e a conservação da espécie”, diz a doutoranda em Oceanografia e chefe do CMA, Fábia Luna, coordenadora-geral da pesquisa.

AMOSTRAS – Segundo Fábia, o projeto já colheu no Brasil mais de 50 amostras de tecidos e de sangue de peixes-bois resgatados vivos ou mortos no litoral entre o Ceará e Alagoas e de animais reintroduzidos ou pertencentes ao plantel mantido nos oceanários do CMA/ICMBio pelo País. No momento, a coleta é feita no litoral entre o Pará e o Maranhão.

Após a coleta, o material é processado no Laboratório de Mamíferos Aquáticos do CMA, em Itamaracá (PE), onde é feita a extração da papa leucocitária (núcleo) da célula através de centrifugação. O núcleo segue para análise nos EUA e o restante do material fica conservado no banco genômico do CMA a uma temperatura de 20º C abaixo de zero.

No final do ano passado, Fábia esteve na sede do laboratório do Sirenia Project, na Flórida (EUA), para realizar a extração do DNA das amostras retiradas dos animais em cativeiro nas bases do CMA e definir as próximas solturas, bem como as áreas e locais de destinação desses animais.

Segundo ela, o projeto adota a análise genética por meio de microssatélites, investigando o DNA do núcleo das células. Esse tipo de análise foi escolhido por ser mais preciso que os outros.

“É uma ferramenta relativamente nova que permite fazer inferências sobre a biologia, comportamento, evolução e história de vida da espécie em nível de populações. É importante para se constatar a variabilidade genética e como ela está estruturada para verificar se existem diferentes sub-populações de peixes-bois e analisar o nível de fluxo gênico entre elas”, diz Fábia, ao ressaltar que nunca foi realizado estudo tão vasto como esse no Brasil.

por Sandra Tavares

SERVIÇO:

Para mais informações, entrevistas, mapas, fotos e imagens do projeto, acionar:

Fábia Luna – (81) 3544-3030 e (81) 8891-3400
e-mail: fabia.luna@icmbio.gov.br e fabialunacma@gmail.com

Assessoria de Comunicação do ICMBio (Elmano Augusto)
(61) 3341-9280 e (81) 9272-9702
e-mail: elmano.cordeiro@icmbio.gov.br e elmanoaugusto@gmail.com

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

UM EXEMPLO A SE SEGUIR

Em minha juventude eu fui um anti-americanista radical, bem antes de eu me tornar vegetariano. O que me motivava era a economia. Eu era um marxista que queria defender a indústria nacional e os “valores nacionais”, embora ainda eu não questionasse a cegueira ética da minha postura, cegueira tal que só fui me libertar quando aderi ao vegetarianismo. Não obstante eu não seja mais um “militante político” de outrora, eu ainda conservo meus dois pés atrás quando o assunto são os Estados Unidos da América. Há algum tempo eu escrevi neste mesmo blog sobre os rodeios, e chamei, entre outras coisas, a prática de “lixo importado”. Ora, realmente. É um costume que não deveríamos nunca ter aderido.
Hoje, eu venho no artigo desta semana falar também sobre os Estados Unidos da América, não como a nação com complexo de Roma, mas de uma cidade que parece ser o trigo no meio do joio.
Enquanto nós aqui lutamos para proibir o rodeio, e temos conseguido relativo sucesso em cidades como Taubaté/SP, Rio de Janeiro/RJ, Sorocaba/SP, Guarulhos/SP e Jundiaí/SP, uma cidade na Califórnia chamada West Holywood (não é Hollywood que você está pensando) proibiu através de uma instância municipal que cães e gatos sejam vendidos em petshops da cidade. A importância desta lei está nos números.
Atualmente, os abrigos estado-unidenses sacrificam 4 milhões e cães e gatos todos os anos por superlotação nos abrigos públicos. Parece que por lá eles entenderam que a adoção é a única atitude responsável para quer deseja ter um animal de estimação em casa.


NOTA DA PREFEITURA DE WEST HOLLYWOOD: http://www.weho.org/news/index.cfm/fuseaction/story/ID/2115/

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

SEXISMO E ESPECISMO: O ABUSO PELA IMAGEM


O tema deste artigo pode parecer a primeira vista de menor importância para a causa dos animais, contudo, é um tema que embora considerado apenas um “afluente” entre os assuntos principais, não deixa de ser urgente e precisa ser denunciado e relatado.
Neste canal de comunicação nós já colocamos textos que relacionam o especismo com o racismo, contudo as relações entre especismo e sexismo ainda estão pouco discutidas, pelo menos aqui neste canal, por isso o texto a seguir é importante para trazer a tona nas mentes dos leitores a evidência da relação entre o abuso dos animais com o igualmente horrendo abuso das mulheres.
Sexismo, em termos claros, é uma postura cujo determinado grupo ou pessoa de um sexo afirma sua superioridade em relação ao grupo do sexo oposto, por apenas pertencer ao referido sexo. O sexismo se baseia falaciosamente em uma diferença natural ou biológica que em realidade é neutra, para se afirmar. Não existe só o mais evidente sexismo baseado em uma “superioridade masculina”, como também existem outros grupos sexistas que afirmar uma “superioridade heterossexual”, “superioridade homossexual”, ou até uma “superioridade feminina”.
Em termos factuais o sexismo mais impregnado é, talvez, o mais antigo, o que prega o mito da supremacia masculina heterossexual. Foi, e é até hoje de forma repaginada, afirmado por quase todas as culturas do mundo, endossado por figuras públicas e religiosos de todos os nichos. Alguns governos não se recriminam por serem extremamente sexistas.
Contudo, à partir do século XX, alguns grupos “homossexuais” e “feministas” ressentidos divergiram entre si e começaram a propagar doutrinas sexistas “inversamente” ao sexismo masculino heterossexual.
O diretor Neil LaBute refilmou o clássico The Wicker Man (O Homem de Palha) de Robin Hardy, e embora o filme possa ser considerado o maior fiasco da carreira do ator Nicholas Cage, nos permite a reflexão que faço aqui. Cage interpreta um policial que vai investigar o desaparecimento de uma garota em uma remota ilha na escócia, e descobre uma comunidade pagã governada por mulheres. O filme mostra uma situação em que os homens só são necessários para procriação, e sempre que necessitam reproduzir a população da ilha, um homem é atraído até esta.
Tal exemplo ficcional pode passar longe do plausível para nós, contudo, o oposto existe e é bem real e constatável. Na Costa do Marfim, como em muitos países africanos existe um ritual de circuncisão feminina. O órgão sexual feminino é dilacerado e extirpado para garantir que as mulheres não sintam prazer sexual, tornando-se dóceis e submissas aos homens. Como forma de garantir a fidelidade, os maridos costuram os lábios vaginais das esposas antes de viajar, para romper quando retornarem. As mulheres, que por ventura escapam da circuncisão são proibidas de conceberem. Ou seja, as mulheres são apenas objeto de uso dos homens e são apenas usadas como uma máquina reprodutiva, tal como o filme supracitado pinta, embora de forma diferente, contando com a mesma raiz ideológica.
Retornando ao nosso ocidente contemporâneo, muitas formas de sexismo são evidentes e contudo passam desapercebidas pela maioria de nós, em ambos os seus trajes. Muitas vezes as próprias vítimas do sexismo acreditam estarem “levando vantagem” sobre ele, embora na realidade, só colaborem para nichos de uma sociedade discriminatória e exploradora.
Já perguntei a muitas mulheres se posar para uma revista pornográfica é uma forma de prostituição, e muitas dizem que não acham que posar para uma revista masculina é uma forma de prostituição. Em seguida perguntei a estas mulheres o motivo, e descobri que o argumento se baseia em ser remunerada para tal, e o “desejo” de ser desejada por muitos homens. Perguntei também, a estas mulheres, por último, se uma prostituta poderia ser considerada uma pessoa explorada, embora fosse remunerada e desejada por vários homens. Obtive o silêncio de quase todas as entrevistadas, enquanto outras se desvencilharam do assunto sem me responder concretamente.
De qualquer forma, a utilização da imagem da mulher como um objeto, seja ele sexual, doméstico, reprodutor, ou qualquer que seja é uma forma de exploração. E qualquer exploração é deplorável apenas pelo fato de ser uma exploração.
O apelo sexista também existe não só explicitamente, como no caso das revistas pornográficas e coisas do gênero, como em forma embutida na publicidade. Note a leitora(or) que se não todos, a maioria dos comerciais de desinfetante sanitário, cozinha e assuntos voltados ao lar são protagonizados por mulheres. Isso evidencia o que pensa o senso comum sobre o papel da mulher (quase que exclusivo e por destinação da natureza) como dona-de-casa. Note também o oposto, todos (ou quase todos) os comerciais de automóveis e produtos automobilísticos são protagonizados por homens. Além do mais, o que dizer dos vídeo-clipes de música com o sempre mesmo apelo sexual de sempre colocando a mulher como objeto sexual. Músicas com títulos como “dirty” (suja) ou “bitch” (vagabunda) são comuns tanto em músicas de “artistas” homens quanto de artistas mulheres. Atrás da ditadura do “sexy” esconde-se talvez a mais vergonhosa forma de sexismo atual. É como se (perdoem os leitores e leitoras o meu palavreado) antes a sociedade bradasse: “Vocês são obrigadas a serem donas de casa, mães e prostitutas”, e agora algo do tipo “Vocês não são obrigadas a serem donas de casa, mães , e prostitutas, agora vocês podem ser tudo isso se quiserem também”. Reality Shows como Rock Of Love, exibido pelo canal fechado VH1, expõe várias mulheres “peitudas” e “bundudas” se esfregando no cantor Bret Michaels. O “propósito” do show é encontrar uma namorada para o cantor. O programa já está em sua terceira temporada, e desde lá, Bret Michaels teve relações sexuais com quase todas as participantes em todas as edições do programa. Não sejamos cínicos, ao assistir Rock Of Love, o público espera ver exatamente o que é exibido, um cantor fanfarrão “pegando” todas as “gostosas” participantes. Se não é sexismo um programa que mostra várias mulheres se arrastando ao pé de um homem que possui apenas dinheiro e fama, eu não sei o que é.
Até aqui discutimos apenas o sexismo. E onde entram os animais nisso tudo? Bem. A People for Ethical Treatment of Animals (PETA) publicou um cartaz em que uma mulher nua e sensual “protege” animais. A PETA é conhecida por suas polêmicas campanhas, mas desta vez passou dos limites. Como pode uma organização pró-animais lutar contra a exploração animal se compactua com a exploração sexista? Não é demais afirmar que racismo, sexismo e especismo caminham de mãos dadas, são irmãos, igualmente nefastos e devem ser combatidos em conjuntos. Não são peças que se pode remover de um quebra-cabeças, são aspectos fluídos de uma mesma ideologia, são galhos provindos de uma mesma raiz.


Mais recentemente a PETA deu outro furo sexista quando publicou o seguinte cartaz:



Nós não somos os únicos a enxergar as coisas desta maneira. O site gato-negro.org também expõe este ponto de vista em seus diversos artigos de crítica a PETA e a outras instituições bem-estaristas.
Espero que neste ponto do artigo já tenha ficado claro para o leitor as conexões entre sexismo e especismo, contudo, é preciso ir além e explorar o que dá título a este escrito. Até agora falamos da exploração sexista, e demos certa ênfase na exploração sexual da imagem da mulher. E quanto a exploração da imagem dos animais?
Todos nós que vivemos em lugares onde abundem churrascarias, restaurantes de frutos do mar, ou com ênfase em pratos à base de carne, e fast-foods principalmente já vimos alguma publicidade em que um “cartoon” de um boi feliz ilustra a propaganda do estabelecimento, ou então, um simpático camarãozinho de pelúcia é dado como brinde junto ao prato “kids”.
Maquiavelicamente (pois isto não a toa, e já vem de muito caso pensado dos publicitários) o apelo lúdico dessas empresas faz as vendas crescerem consideravelmente. Embora o “foco” sejam as crianças, tais estratégias funcionam bem para impedir uma reflexão em adultos pais destas crianças.
Ora, você leva teu filho ao shopping e ele vê no balcão um camarãozinho pendurado e diz “Pai, quero comer ali!”. Você sorri e compra um prato cheio de dor e sofrimento, teu filho ganha um bichinho simpático de pelúcia, você e teu filho comem alegres, acreditando que aquele foi somente mais um inocente e feliz dia em que um pai leva seu filho para almoçar em um restaurante, sem notar a incoerência lógica entre “ter um amigo camarão” (o apelo lúdico do bichinho de pelúcia) e comer um prato cheio de camarões.
O apelo ao lúdico para incrementar as vendas e “cegar” aos consumidores já é antigo.
Há alguns anos a indústria tabageira Japan Tobbaco Co., a terceira maior empresa do ramo, teve que mudar a publicidade do “garoto-propaganda” Joe Camel, dos cigarros Camel, em estilo de história em quadrinhos. Em 1990 nos EUA, quatro anos após Joe Camel ter estrelado, uma pesquisa mostrou que ele era um personagem conhecido por 91% das crianças estado-unidenses, o que o colocava em pé de igualdade como o Mickey Mouse.





Não só o apelo lúdico servia para cegar os consumidores, mas também apelos adultos são amplamente utilizados em propagandas querendo “ocultar” as verdades por trás de um produto. Mais uma vez, a indústria tabageira é emblemática. Tão censurada hoje em dia, após o que parecia um interminável período de olhos fechados aos males do tabagismo. Quem de nós que tem vinte anos ou mais pode se lembrar das fantásticas propagandas da marca Hollywood em que um piloto cruzava o mundo em um F1, ou então, das propagandas “descoladas” da marca Free. Até a ironia foi utilizada como forma de propaganda. Até há algum tempo atrás podia se ler na embalagem do Free: “ A primeira marca a divulgar os teores da fumaça do cigarro”.
Quanto o assunto é onivorismo, a coisa não poderia ser diferente. Recentemente a marca de cerveja Skol colocou em um de seus comerciais: “Arroz e salada são para elas, macho come carne e bebe Skol”. A busca do sucesso também inspira os publicitários. A churrascaria Montana Grill, da dupla sertaneja Chitãozinho & Xororó, que também são os proprietários, utilizam da fama alcançada pela dupla para alavancar os negócios.
Voltando ao assunto do tabagismo, as restrições à publicidade parecem ter dado efeito desejado e cada vez mais tem diminuído o número de fumantes, e de pessoas que começam a fumar. Depende de nós, a sociedade civil, cobrar que medidas similares também sejam aplicadas em relação a exploração e ao sofrimento dos animais. Visualizem o exemplo abaixo:


Fantástico não?