terça-feira, 12 de janeiro de 2010

OVO-LACTO-VEGETARIANISMO CONSCIENTE

Esta organização é declaradamente utilitarista. Nossos princípios filosóficos se baseiam nos argumentos de filósofos como Peter Singer e Jeremy Bentham. Fomos rotulados por alguns ativistas veganos como não-abolicionistas, mas sim como bem-estaristas no que diz respeito ao tratamento aos animais. Este artigo tem por objeto elucidar que nós somos sim abolicionistas. A diferença da nossa organização para as organização abolicionistas extremas é que nossa base filosófica possui razoabilidade e aplicabilidade, uma vez que o utilitarismo trabalha com fatos e construções plausíveis e não com metafísicas e projeções utópicas e puramente ideológicas inviáveis.
Primeiramente precisamos destacar os pontos de vista em questão e esclarecer a interpretação que fazemos dos conceitos bem-estarismo e abolicionismo. Vamos estabelecer paralelos para fazer as comparações.
Imagine o leitor que um senhor de escravos adotasse medidas para que seus escravos fossem bem tratados, alimentados corretamente, fornecendo-lhes lazer, e todo tipo bem estar, exceto, por não lhe conceder alforria. Poderíamos classificar este senhor como bem-estarista, isto é, ele se preocupa com o uso de seus escravos, embora não questione sua escravidão. Os abolicionistas eram aqueles que queriam fornecer alforria para os escravos, independente de seu tratamento por seus senhores.
No caso dos animais, os bem-estaristas são os que defendem um tratamento “humanitário” para com os animais sem questionar seu papel de “coisa”, embora haja um entendimento de que os animais são “objetos diferenciados”, que não podem ser tratados como uma cadeira ou uma mesa. Os abolicionistas são aqueles que dizem que os animais não são objetos de forma alguma, por tanto é moralmente incorreto o uso destes animais, seja este uso qual for.
Para as instituições veganas extremistas entendem seu abolicionismo como o único defensável, no sentido de o tomarem como um Imperativo Categórico, nos moldes deontológicos kantianos. Aqueles que seguem determinados princípios que levam a prescrever ou proibir certas ações, independentemente de suas conseqüências.
Já, as instituições vegetarianas utilitaristas, adotam um ponto de vista consequencialista, ou seja, o valor de uma ação é moral ou imoral dependendo de suas consequências objetivas. Fica claro aqui que a posição dos utilitaristas é mais moderada, contudo, isto não significa que ela seja mais frágil ou branda do que a dos veganos extremistas. Na verdade, a posição do molde deontológico das instituições extremistas é perigosa e até mesmo especista, inversamente especista.
Vamos colocar em exemplos. Um vegano jamais consome quaisquer produtos de origem animal, nunca, além de advogar que os animais não podem ser usados pelos humanos, independentes de quaisquer consequências. Vamos imaginar uma família de seis pessoas que tutorem três vacas leiteiras adultas para produção de leite, e disto saia a forma de viver deste núcleo. Imaginemos também que nenhum molde industrial ou de crueldade é empregado para a obtenção deste leite. As vacas são criadas soltas, não são impedidas de terem suas crias, nem separadas delas e vivem muito próximo da condição de seu habitat natural. Esta família cuida e vacina suas vacas, como as protege do frio e as alimenta adequadamente, podendo dizer que estas vacas levam uma boa-vida, com ausência de sofrimento e fruindo do seu modo de vida natural, pastando por aí. Imaginemos também que a cidade em que vivem estas pessoas decida por decreto municipal se tornar vegana, e por tanto, não comprar mais queijos nem leite produzido por estas pessoas. Sem terem como manter sua subsistência esta família acaba matando as vacas para não morrer de fome, e depois vão para debaixo das pontes esmolar depois de perderem sua propriedade e todos os recursos materiais que possuíam.
Esta cidade hipotética do nosso exemplo foi extremamente especista inversamente, ao colocar os interesses dos animais acima dos interesses daqueles humanos, o que em nosso exemplo, acarretou inclusive a morte cruel dos animais aos quais supostamente se queria proteger.
Nós, da E.C.E., acreditamos que é fator indispensável levar em consideração as consequências dos atos de ativismo, pois nos baseamos na igual consideração de interesses. Acreditamos também que os animais daquela família não estavam sendo escravizados, mas sim, vivendo em simbiose com a família humana. Em uma forma de “contrato-social-inter-espécies”, eles se complementavam em seus meios de vida e de forma digna. O que não é o caso das fazendas industriais de produção de queijo e leite. O molde industrial é escravizante, e por tanto, é imoral para nós, segundo nossas bases. Por mais que os animais de uma fábrica de leite e queijos possam ser vacinados e alimentados adequadamente, são privados de sua liberdade. Liberdade, esta, de poder pastar e terem suas proles, e viver um modo natural. E se nós da ECE condenamos a indústria escravizante, nós somos abolicionistas.
Quando a escravidão humana foi abolida no Brasil, os negros recém-libertos se viram abandonados pois eram “desqualificados”, segundo a mentalidade da época, para serem assalariados, e ficaram a esmo. O preconceito continuou existindo mesmo após a abolição. Assim como o racismo persistiu mesmo após a alforria “desorganizada”, o veganismo “desorganizado” também não pode destruir o especismo.
Não significa que o veganismo seja errado, contudo, significa que não é o mais correto em todos os momentos e situações. É extremamente defensável uma postura vegana em uma situação em que não se pode adquirir ovos e leite de uma fonte em que se saiba que os animais não são escravizados.
A postura extremista quer, no fundo, romper as relações entre pessoas e animais, esquecendo-se que as pessoas também são animais. Uma vez em que dividimos o mesmo espaço, animais e humanos tem que se relacionar, então, que se faça isso de um modo a considerar igualmente o interesse de ambas as espécies, optando quando em um confronto entre os interesses de espécies diferentes, por aquele que cause menos dano ou menos mal.
Muitos veganos advogam que as pessoas não devem ter animais de estimação, pois estes devem viver livres na natureza. Mas estas pessoas se esquecem que os animais frequentemente se associam entre si e entre diferentes espécies, por tanto, não há nada errado que os animais não-humanos se associem a animais humanos. Mas é preciso tomar cuidado com as nomenclaturas. Se dissermos “eu possuo um cão”, estaremos sendo “senhor de escravo”, precisaremos dizer “eu vivo com um cão”, ou então “eu sou tutor de um cão”. Muita gente querendo não ser especista se esquece que pode ser do interesse de alguns animais se associarem a humanos.






Se a racionalidade da espécie humana não é argumento para a escravização e utilização dos animais, também não pode ser argumento para impedir que nos relacionemos de forma oposta, cuidando dos interesses destes mesmos animais. Se nós não somos tão especiais a ponto de podermos subjugar os animais, também não somos tão especiais ao ponto de nos isolarmos deles.
Muitas vezes a opção pelo extremismo é mais movida pela emoção do que pela razão. Um pessimismo em relação a própria espécie pode fazer algumas pessoas pensarem que deveríamos nos enfiar em “guetos humanos” e deixar os animais livres da nossa presença. Contudo, da mesma forma que advogamos que eliminar uma espécie animal pode causar desequilíbrio, nos eliminar do bioma também vai causar desequilíbrios. A verdade é que os animais dependem de nós na mesma medida em que nós dependemos deles. Adotar uma postura vegana absoluta e pessimista é um convite ao suicídio.
Resumindo para fechar este tópico, posso dizer que a postura da nossa ONG é de um ovo-lacto-vegetarianismo consciente. Ovo de granja não, ovo de galinhas criadas livres e que podem ter sua prole, cujos alguns ovos não foram galados, sim.
Quando ao hábito de comer carne, somos categóricos: animais são amigos, não comida!

23 comentários:

  1. Na prática, vocês consomem leite e ovos de onde? Têm estes animais em casa, como no exemplo citado?

    ResponderExcluir
  2. =p Blá, blá, blá - Assim é fácil. Nada justifica o uso dos animais. Se ao invés de vacas, a suposta família tivesse uma horta, nada teria acontecido qdo a cidade se "tornou" vegana.

    ResponderExcluir
  3. Acredito que não ter animais de estimação não significa exclusão total de convívio, até porque os animais de rua geralmente me cumprimentam... Ainda assim, tenho alguns adotados mas chegará o dia em que não precisarei trancá-los em meu apartamento...

    Ass:Flavegan... "vegana extremista"...

    ResponderExcluir
  4. Onde exatamente que criar vacas para leite não se enquadra no conceito de escravidão? Isso se enquadra perfeitamente no exemplo do senhor de escravos que se preocupa com o bem-estar de sua propriedade (no caso, a vaca). Outra pergunta: o que essa família hipotética faz com os bezerros nascidos? Doa? Vende? Cria? Última pergunta: onde exatamente existem esses veganos idiotas que aprovam uma lei de abolição da propriedade sem promover, ao mesmo tempo, a libertação (resgate) desses animais-propriedade, impedindo que a família hipotética promova o hipotético assassinato?

    Não seria mais honesto vcs simplesmente admitirem que são bem-estaristas e ovo-lacto-vegetarianos?

    ResponderExcluir
  5. Ou isso é uma ironia e eu perdi a piada?

    ResponderExcluir
  6. Bobo, bobo... Nós, "os razoáveis", os outros, "os extremos"... dá até dó de ler alguém querer legitimar sua posição com caricaturas de criança, para não falar nos argumentos de papagaio rs

    ResponderExcluir
  7. Apesar de raramente mais ainda comer alguns produtos que contém leite e ovos e é claro em geral não sei a procedência. Seu exemplo da família com os animais é bastante romântica para os dias de hoje, onde são raros os casos citados, sou do interior de São Paulo e mesmo os pequenos "sitiantes" tem ordenhas mecânicas onde ferem os animais e as galinhas em geral são tratadas como nas grandes granjas.eu acho sim que os animais deveriam ter prioridade já que não podem se defender da nossa ganância, seja em grande ou pequena escala. Eu não conheço nenhum vegano que seja contra ter um animal de estimação, conheço os que são radicalmente contra a venda de animais o qual também me enquadro veemente.

    ResponderExcluir
  8. Sejam vocês Ovo-Lacto-Vegetarianos-Conscientes, seja eu vegano, acho que podemos fazer muita coisa juntos pelos animais, acho que somos parceiros, temos coisas em comum, acho que o ser humano fala demais e se perde de tanto falar. Não compreendo a necessidade de tanta filosofia. Mais vale para os animais estarmos unidos, agindo e dispostos. Não gosto de rótulos, talvez na frente de um animal, sejamos iguais. Talvez o que temos em comum é o que nos vale, nossas diferenças... Será mesmo que temos tempo pra elas?

    ResponderExcluir
  9. Para os extremistas: existe uma verdade, queiram vocês ou não, que é universal: tudo que é demais estraga ou faz mal. O extremismo assim como a guerra, não é uma solução, as coisas não vão mudar do dia pra noite como vocês imaginam, e se a maneira de ir mudando tudo aos poucos é se valer do bem-estarismo, que seja! Se o interesse de vocês é puramente nos animais e não o que vocês querem somente, utilizem-se do que possa ser util à eles, é uma longa caminhada ao mundo que sonhamos, nada muda do dia pra noite, nem no meu mundo e nem no de vocês!

    ResponderExcluir
  10. Gente, a família não precisava passar fome! Se ela fosse "empreendedora", só mudaria de ramo, usando o espaço para produzir hortaliças, frutas, etc, para um novo (e mais ético) mercado emergente...
    hahahah

    Exemplo infeliz, de qq forma.

    ResponderExcluir
  11. Os moderados e os conservadores. deveriamos nos apoiar em vez de ficarmos brigando entre nós mesmos. No mundo em que estamos, qualquer forma de protesto ao que fazem aos animais é bem vinda, mas em vez disso, tripudiamos os que estao na metade do caminho. Ridiculo

    ResponderExcluir
  12. GENTE, AINDA ESTOU ENGATINHANDO NO VEGETARIANISMO, AINDA, PORQUE COMO OVO, E DERIVADOS DO LEITE, CARNE NÃO.
    NÃO SEI PRA QUE TANTA DISCURSÃO,
    O QUE SEI É QUE SE CADA UM DE NOIS FIZERMOS 1% DAS MELHORIAS NECESSARIAS PARA O MUNDO, COM CERTEZA ELE SE TORNARÁ MAIS JUSTO...
    VIVO COM UMA CACHORRINHA LINDA...CHARLLOTY...CUIDO DELA E ELA DE MIM, VIVEMOS EM HARMONIA, SE ELA NÃO ESTIVESSE COMIGO, ONDE ESTARIA...
    NÃO SEJAMOS EXTREMISTAS...VEGANOS, VEGETARIANOS, CARNIVOROS, TANTO FAZ, SOMOS ANIMAIS DO MESMO JEITO, PRA MIM A DIFERENÇA É SO A IGNORANCIA QUE MUITOS TEM..

    RICO, POBRE, BRANCO, NEGRO
    O FATO É QUE SEMPRE PRECISAMOS DE DUAS MÃOS PARA NOS AJUDAR, LEMBREM, O MEDICO, A MAMAE, O PAPAI...E ASSIM VAI POR UMA VIDA INTEIRA....

    NÃO SOU FILOSOFA...
    MAS ACREDITO NAS PESSOAS....APESAR DE TUDO
    EDUCAÇÃO, RESPEITO, CABEM EM QUALQUER LUGAR

    UM ABRAÇO
    A TODOS SEM DISCRIMINAÇÃO ALGUMA

    FIQUEM COM DEUS

    ResponderExcluir
  13. É NOS...EU ERREI...FOI MAL....KKKK

    ResponderExcluir
  14. Hoover Vanm Tol - Ativista Vegan3 de fevereiro de 2011 às 05:26

    "Não há nenhuma diferença significativa entre carne e laticínio (ou outros produtos de origem animal). Os animais explorados na indústria de laticínios têm a vida mais longa do que os que são usados por sua carne, mas são mais maltratados durante aquela vida e terminam no mesmo matadouro, depois do quê consumimos sua carne do mesmo jeito. Há provavelmente mais sofrimento num copo de leite, ou num sorvete, do que num bife." (Gary L. Francione, professor de Direito e Filosofia; entrevista concedida à revista The Vegan, da Vegan Society, 2007)

    "[Vacas leiteiras] são mantidas em baias individuais com espaço suficiente apenas para levantar e deitar. Seu ambiente é completamente controlado: são alimentadas com quantidades calculadas de ração, a temperatura é ajustada para maximizar a produção de leite e a iluminação é regulada artificialmente. [...] Ela é ordenada duas vezes por dia, às vezes três, durante dez meses. Após o terceiro mês, ela será emprenhada novamente. Será ordenhada até cerca de seis a oito semanas antes que o próximo bezerro esteja pronto, e então, novamente, assim que o bezerro lhe é retirado. Em geral, esse ciclo intenso de prenhez e hiperlactação pode durar apenas cerca de cinco anos. Depois disso, a vaca "gasta" é enviada para o abate, onde vira hambúrguer ou ração para cães." (Peter Singer, professor de Bioética; 'Libertação Animal'; 2004, p. 155)

    ResponderExcluir
  15. Hoover Vanm Tol - Ativista Vegan3 de fevereiro de 2011 às 05:47

    Direitos animais – Bruno Müller
    Sobre o ovolactovegetarianismo

    Uma das coisas que mais me surpreende no universo dos direitos animais, e seus defensores, é como ainda se vê, entre vegetarianos, especialmente os que conhecem a realidade da pecuária, quem defenda ou não veja problemas no consumo e produção de leite e ovos, e que hesite tanto antes de aderir definitivamente ao veganismo.

    Eu só encontro uma justificativa aparente para isso: as pessoas não vêem essa produção como tão cruel como a de carne, por teoricamente – e apenas teoricamente – não envolver morte. No entanto, é fácil demonstrar que a realidade é muito mais complexa – e terrível – do que parece.

    A primeira questão que gostaria de ressaltar é que o consumo de leite é muito mais antinatural que o consumo de carne. Segundo os biólogos, o ser humano evoluiu comendo carne. Na natureza, onde a alimentação é incerta, isso lhe possibilitou encontrar nutrientes concentrados importantes numa época em que não se sabia quando viria a próxima refeição. Além das vantagens que isso trouxe ao indivíduo, beneficiou também o desenvolvimento das coletividades, que puderam prosperar, crescer.

    O consumo de leite veio muito depois, quando o homem descobriu que, em vez de caçar, ele podia criar suas vítimas. Daí a vaca estava lá, prontinha pra ser comida – por que não tirar o leite dela primeiro? Ora, é possível comer carne de um animal livre. Tomar seu leite, nunca. Experimentem ordenhar um mamífero selvagem. Vocês vão descobrir que é mais fácil (e lógico) matá-lo e comer sua carcaça.

    Com essa argumentação não estou defendendo o consumo de carne. Com a sedentarização e a agricultura, ela é totalmente desnecessária. Eu estou, sim, criticando o consumo de leite. Enquanto ordenharmos as vacas, elas nunca poderão ser livres, e esse é, na verdade, o ponto principal.

    Isso vale também para os ovos. Na natureza era possível colher ovos de aves. Bastava espreitar seus ninhos. Mas estes eram ovos fecundados, que não entram numa dieta vegetariana. Os ovos que todos consumimos são ovos não fecundados. E para obtê-los, novamente, precisamos de animais domesticados – criados em cativeiro. “Cativo” é outra palavra para seres que são propriedade, que são escravos. Escravos são seres cuja existência é dependente de outro ser para o qual trabalham. É a condição à qual reduzimos vacas e galinhas. Mas voltando aos ovos… Ora, para a galinha dar ovos não fecundados ela não pode ter relações sexuais. Isso significa: nenhum galo por perto. A vaca tem o problema oposto: tem que estar sempre prenhe. Vidas totalmente dependentes e artificiais. Mesmo que sejam criadas soltas, elas continuam reduzidas à condição de coisas. De máquinas de dar ovos e leite. (cont...)

    ResponderExcluir
  16. Hoover Vanm Tol - Ativista Vegan3 de fevereiro de 2011 às 05:48

    A realidade das galinhas de granja e vacas de fazenda é mórbida: confinamento, mutilação, hormônios para aumentar a produção, antibióticos e posterior assassinato. Alguém duvida de que essa linha de produção é ainda mais cruel que a da carne pura e simples? Seja por causa dos hormônios ou devido à manipulação genética, uma vaca é forçada a produzir artificialmente muito mais leite do que produziria naturalmente. Isso é doloroso. Imaginem uma mulher tendo que dar 12 vezes mais leite do que é capaz: ela ficaria com os seios inchados, teria risco de infecções, teria dores na hora em que fosse “ordenhada”. Agora imaginem que se faça isso sistematicamente com uma mulher, ano após ano. É o que acontece com a vaca – mesmo a que pasta solta. Por isso os bem-estaristas alegam que a vaca precisa ser ordenhada, senão morre – mas se o ser humano cometeu o erro de modificá-la em prejuízo dela mesma, isso serve de licença para o ser humano de hoje persistir no erro? Existe mesmo alguma justificativa para isso?

    Para concluir, o “argumento” definitivo dos ovolactovegetarianos e bem-estaristas: podemos ter leite e ovos sem matar vacas e galinhas. Se você continua achando que podemos ser bons senhores sem matar nossos escravos, eu quero dizer que matar é, sim, parte necessária do processo.

    Hoje somos mais de 6 bilhões de pessoas. No mundo ocidental, o consumo de carne, leite e ovos é gigantesco. Para atender a essa demanda a produção tem de ser em escala industrial. A produção industrial não comporta o bem-estarismo.

    Explico. Basta tentar estimar quantos litros de leite e dúzias de ovos se vêem nos supermercados. Todos abarrotados de leite e ovos, de norte a sul do país, e no mundo inteiro. Milhões de toneladas de leite e ovos. Para termos tanto leite e ovos, precisamos de muitas vacas e galinhas. Para que a humanidade os tenha nessa quantidade absurda, vacas e galinhas, além de ser entupidas de hormônios e geneticamente manipuladas, precisam ser confinadas, para que caibam mais delas em menos espaço. Imaginem o efeito que os hormônios, o estresse, os antibióticos fazem no seu organismo. Será que elas levam uma vida saudável?


    Não levam. E elas não consegue levar esse “estilo” de vida adiante por muito tempo. Vacas não são capazes de produzir leite 12 vezes mais do que seu organismo fabrica naturalmente por toda a sua vida fértil. O mesmo vale para a quantidade de ovos que as galinhas são forçadas a pôr. Alguém acha que o produtor iria mantê-las vivas por mais 10, 15 anos, depois que não produzissem mais, ou sua produção caísse, sabendo que aquele espaço (ínfimo) que elas ocupam é necessário para obter o leite de outra vaca, e os ovos de outra galinha, ainda férteis? É por isso que, embora uma vaca possa viver mais de 20 anos, e uma galinha, mais de 10, elas são mortas muito antes disso: cerca de 4 anos, no caso das vacas; cerca de um ano e meio, no caso das galinhas. Mesmo que elas pudessem morrer “naturalmente”, o mais provável é que elas não sobrevivessem ao processo. E, se sobrevivessem, teriam uma existência miserável. A demanda nunca acaba.(cont...)

    ResponderExcluir
  17. Hoover Vanm Tol - Ativista Vegan3 de fevereiro de 2011 às 05:50

    Além disso, para termos uma nova geração de galinhas, precisamos fecundar os ovos às vezes. Temos mais galinhas do que galos… Alguém imagina o que acontece com os pintos machos, que como os bezerros machos não valem nada para o produtor? Se há alguém que não sabe a resposta, eu a antecipo: bezerros e pintos machos são descartados, isto é: mortos o mais rapidamente possível. Os pintos são triturados e vão parar na ração de animais domésticos. Os bezerros machos podem ser mortos ao nascer: estes são os sortudos. Os azarados irão viver 4 meses em confinamento, no escuro, amarrados, para não desenvolver músculos, e propositadamente subnutridos, para que da sua anemia e fraqueza o ser humano obtenha a carne macia, clara e de baixa gordura conhecida como carne de vitela.

    Mesmo que o mundo fosse ovolactovegetariano, as vacas e galinhas continuariam sendo mortas – como é morta a maioria das vacas e galinhas criadas soltas hoje. A única outra saída que eu encontraria para que elas tivessem uma vida mais longa seria se o consumo reduzisse drasticamente, a ponto de leite e ovos serem luxos a ser consumidos em datas e ocasiões especiais. Mas, ainda assim, elas seriam escravas. E ainda haveria o dilema do que fazer com os machos – se não vamos comê-los, para onde eles irão?

    A solução mais lógica e racional é o veganismo. Ser ovolactovegetariano não basta, se você acredita que os animais merecem respeito.

    Mas então por que ainda existem tantos ovolactovegetarianos? Claro, ainda existem aqueles desinformados a quem escapa a realidade da produção de laticínios e ovos. Mas por experiência própria, como ativista, sei que muitos ovolactovegetarianos conhecem essa realidade, mas relutam e criam justificativas para não aderir ao veganismo. Infelizmente, eu só posso deduzir uma resposta que explique essa situação. A maioria dos vegetarianos, antes de respeitar os animais, têm natural repulsa pela carne, o que é explicável: é carcaça em decomposição, sanguinolenta e malcheirosa. Isso é ótimo para se dar o primeiro passo. Mas é insuficiente para dar o passo definitivo. Alimentos “disfarçados”, como gelatina, leite e ovos, ou alimentos que levam estes ingredientes são bem tolerados por terem uma aparência menos (ou nada) repulsiva. As pessoas que se dizem vegetarianas pelos animais, mas não conseguem aderir ao veganismo, pelo jeito, têm mais repulsa aos animais mortos do que respeito pelos animais vivos…

    ResponderExcluir
  18. Oi:

    Isso de PREOCUPAÇÃO PARA/COM os animais é uma das questões mais complexas/polêmicas existentes...
    Fala-se muito do NÃO-USO dos bichos em ALIMENTAÇÃO/VESTIMENTAS/DIVERSÃO (rodeios/circos/outros).
    Como um adepto à essas atitudes/preocupações: onde ajudo a entidades que cuidam destes seres que precisam só de carinho/respeito, me identifico com estas causas (e consequências)!
    Se bem que não devemos ser EXTREMISTAS/FICAR PENSANDO - Se eu comer derivados do leite/afins; será que estarei machucando/feri
    ndo-os?
    Agora dia 1o de outubro: Dia do Vegetariano... E dia 4 do mesmo mês, Dia dos Animais (os bichos poderiam ter mais dias!).

    Rodrigo
    Porto Alegre

    rodrigo_arte@live.com

    ResponderExcluir
  19. Eu, ovolacto, acho o seguinte ; cada /ser humano deveria fazer a sua parte sabe? Acho tão desnecessario esse preconceito que o VEGANO tem com o OVOLACTO, os ovolactos já estão fazendo a parte dele, no fundo alguns veganos gostam mesmo de se sentir "melhores do que as outras pessoas" por terem uma alimentação limitada por uma razão que acreditam. OKAYY é muito lindo da parte de vcs, acontece que vcs não são melhores que ninguem, são seres humanos cheios de pecado e essa AUTO VANGLORIA de vocês é mais uma delas. Temos que tentar melhorar o mundo sim, mais poxa faça sua parte ALONEEE, já é o bastante queridos. PEACE

    ResponderExcluir
  20. Em vez de acusações mútuas e tentativas de convencimento, eu esperava ver nos comentários mais dicas sobre alternativas viáveis e acessíveis para quem quer consumir leite e ovos obtidos de maneira não industrial; isso seria mais útil que toda essa discussão!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Exatamente. Eu sou praticamente vegana. Como apenas ovo. Cortei laticínios e mel, que eu adorava. Mas o problema é: onde achar ovos não galados? Não estou conseguindo. No mercado de minha cidade todos são galados. Então me tornei totalmente vegana sem querer. Quanto ao artigo é muito bom e verdadeiro exceto quanto ao exemplo da vaca. Para terem leite precisam emprenhar. O que farão com os bezerros? Sem contar que é claro que a familia poderia achar outra atividade. Se possuem terra, por que não fazer hortas? As necessidades humanas foram colocadas acima dos animais. O correto seria considerar as necessidades tanto deles quanto as nossas. Houve especismo sim. O argumento usado é o mesmo que usam para justificar a pesca, para justificar a matança de filhotes de baleias...Eles vivem daquilo. Precisam viver de outra coisa. Eu fui ovo lacto vegetariana por m8ito tempo e considerado não como um erro, mas como um aprendizado. Cortar tudo de uma vez nem sempre conseguimos. Não ter animais de estimação é crueldade porque eles querem ficar com os humanos. Cachorros nos amam! Vamos joga-los nas matas? Isso é loucura. O Pablo, cachorro que achei numa poça de água na chuva sem conseguir andar, morreria se eu o abandonasse no mato. Ou melhor, ele não morreria. Ele me reencontraria. Viria por conta própria de volta para casa.

      Excluir
  21. Mais uma coisa: não deveríamos agir contra as indústrias, fazendo com que elas se adaptassem aos interesses dos animais, em vez de fazermos concessões indefinidamente? Quando se trata de testes em animais, forçamos a indústria farmacêutica a buscar alternativas, e a indústria de cosméticos a abolir esses experimentos - por que é diferente com a indústria alimentícia?

    ResponderExcluir