domingo, 27 de dezembro de 2009

O CIRCO DOS HORRORES


Muitos o consideram como uma expressão artística, outros pagam grandes quantias para assistirem aos espetáculos mais famosos, outros finalmente acreditam que ele é futurista e nostálgico ao mesmo tempo, que cria e recria um universo de fantasia e alegria. Será?
Desde o início de sua história, o circo está alicerçado na dor e na crueldade com os animais e com as pessoas. Segundo Antonio Torres, em seu livro O Circo no Brasil, esta expressão remonta à antiguidade clássica. Os registros mais antigos são nos hipódromos gregos, e gravado nas pirâmides egípcias contorcionistas, malabaristas e domadores. Também existiram, nos seus moldes, circos na Eurásia e na China.
No Brasil, o circo foi importado da Europa pelos ciganos errantes que possuíam, e até hoje possuem, grande ligação com a atividade circense. Entre os números que apresentavam estavam o ilusionismo, o teatro de bonecos, números com cavalos e o domo de ursos. Na década de 70 foi fundada a primeira escola circense no país em São Paulo. O circo se tornou uma atração popular, cujos maiores atrativos são sua sazonalidade em uma localidade, o exotismo e peculiaridade de seus espetáculos e seu preço altamente acessível as camadas mais pobres da população.
O papel do circo na vida das pessoas pode ser muitos, pode ser fonte para a recuperação de um lúdico infantil, a busca do belo em uma arte viva e que se move, como pode ser nutridor dos mais nefastos sentimentos e percepções humanas. O circo tem disso, de ser herói e vilão, e não mais fantástico, só expressa a dicotomia da própria raça que o fez nascer e vingar.
Se com os malabaristas, os trapezistas e toda esta classe de artistas que, desafiando a lei da física, querem trazer ao público a emoção do limite superado, e que figurativamente querem instigar ao além seu público, como quem quer fomentar a coragem para se viver; os domadores e os palhaços demonstram o que há de mais negro e funesto na psiché humana: o prazer de assistir o escárnio e a dor alheia.
A figura do palhaço encerra aquilo que para a sociedade só cabe em um circo e é motivo de riso, o palhaço é a personificação do que não cabe nas ruas, só cabe ou em um circo ou em um hospício. Existe um dito popular que apregoa o seguinte: “Se por lona vira circo, se por muro vira hospício”. O palhaço não se veste bem, não combina cores, não sabe se maquiar, é estúpido, é idiota, é inocente demais, seus sapatos são maiores que os pés e sua calça maior que o seu quadril. Seu comportamento é a imitação, a mímica, de uma pessoa com sérios problemas de ordem mental. Traduz a figura do palhaço, aquilo que de mais hipócrita nós nutrimos. Como não seria “politicamente correto” retirarmos um doente mental de uma clínica para caçoarmos dele, imitamo-os um e caçoamos da farça. O palhaço é a representação de um débil mental.
O domador talvez seja a figura mais execrável de um circo (junto com seu administrador). É o carrasco dos animais. Escravizados e encerrados em pequenas jaulas como se houvessem cometido um erro por ter nascido de outra espécie, os animais sofrem as mais diversas privações. A começar pela mais defensável de todas: sua liberdade. E com ela, sofrem privações psicológicas graves por não poderem ser os animais que são, por serem submetidos a fome e a miséria, e ainda são obrigados a coisificação de serem meros objetos de riso.
Quando vamos ao circo, não queremos ver o Elefante, queremos ver o Elefante brincando de equilibrista, enquanto fica suspenso sobre uma pata só. Não queremos ver o tigre, queremos ver o tigre feroz e violento que lentamente se submete ao “humano superior” com seu chicote inefável.
Não queremos ver os poodles, queremos ver como eles são otários em ficarem pulando, arriscando a própria vida, dentro de argolas flamejantes só para satisfazer nosso desejo mórbido de que algum deles se estrepe na atividade.
Voltamos para casa depois do espetáculo, comentamos com o vizinho como foi grandioso o espetáculo e como são talentosos aqueles palhaços e domadores, e nem sequer lemos no jornal que, recentemente, oito tigres e um leão morreram enquanto eram transportados pelo circo Russian em um sufocante caminhão em passagem pela gélida Sibéria. Em nosso continente, o circo Ringling Bros foi responsável pela morte de Clyde, um leão de dois anos de idade, enquanto passável pelo deserto há 109 graus. O leão ficou mais de seis horas sem água.
O mesmo circo é acusado pela corte estadounidense de confinar seus elefantes em jaulas que os impossibilitem de dar um passo sequer por mais de 70 horas seguidas sem água, comida ou higiene. Tais animais apresentam sinais de neurose devido à sua natureza de perene atividade em habitat natural.
Os mais fortes dos animais e que sobrevivem a estes campos de concentração itinerantes levam uma miserável vida de chicotadas e privações em nome da “arte”.
Se você quer ajudar a proibir os circos do Brasil (ou em passagem pelo Brasil) de torturarem e usarem animais em espetáculos, assine a seguinte petição clicando aqui.


Estudantes Contra o Especismo
Traduzindo a ética entre rugidos e mugidos.


FONTES:
Wikipédia
ANDA – Agencia de Notícias de Direito dos Animais


Um comentário:

  1. Infelizmente o número de pessoas que se divertem com o sofrimento dos animais ainda é muito grande. Não pensam no estresse causados a esses animais, nem o cansaço e a exploração.
    Enquanto não pararmos de centralizar o planeta especificamente para a raça humana os animais continuarão a sofrer tais descasos.

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